Olhava o mar enquanto o carro ia zizezagueando na estrada que acompanha a costa recortada, a tentar perceber como estavam as ondas. Sobe, desce, curva...até que chego ao ponto de “avaliação” habitual. Assim que saí do carro, a paz e tranquilidade que aquele local transmite foi imediatamente quebrada por gritos. Não percebia bem de onde vinham mas, movido por um misto de curiosidade e preocupação, aproximei-me do local de onde se avistava toda a costa. Quando finalmente me apercebi quais eram as causas daqueles gritos parei...a minha vontade de apanhar umas ondas naquele fim de tarde esfumou-se, ajudada pela constação das más condições do mar. Os gritos vinham afinal de algumas das 8 pessoas que se encontravam a surfar...e não eram gritos de felicidade. A cada onda apanhada gritava-se “OI” a plenos pulmões, enquanto segundos depois se ouviam os gritos dos outros elementos na água a pragejar! O que mais me espantou, além do facto de se ouvirem os gritos a cerca de 200 metros (a distância à qual eu me encontrava), foi que todos aqueles que partilhavam as ondas eram conhecidos e amigos uns dos outros.
Pensei...”uma surfada entre amigos? Para quê tanto stress?” Lembrei-me então das surfadas que já tinha dado naquele sítio com os meus amigos. Foram verões, fins-de-semana, vento norte, sul, este, oeste, a pé, de bicicleta, à boleia, de tractor... dias inteiros, seguidos, passados naquela praia - só nós, os pescadores, as gaivotas. Nessa altura os gritos eram de felicidade... só anos depois vieram os que consideram aquele local como “seu”, aqueles que se acham no topo da hierarquia do respeito aqui da zona, aqueles a quem as palavras educação, respeito e cultura pouco dizem.
Ontem fui surfar aos super...entre 10 e vinte pessoas na água, sendo que metade delas eram bifes, ou seja, a maioria não se conhecia de lado algum. Nas duas horas de bodyboard que fiz ouvi um “HEY”, mas nada agressivo, só de aviso que ali ia alguém naquela onda. Cada um que ali estava sabia o seu lugar na hierarquia daquele sitio. Comecei a fazer comparações com o que tinha visto à dois dias atrás. Num lado, ondas más, pouca gente, muita estupidez. No outro (por sinal um dos sitios mais frequentados do país), altas ondas, pessoas respeitadoras, alegria no ar. Os verdadeiros corredores de ondas (surfistas, bodyboarders, kneeboarders, etc.), aqueles que fazem verdadeiramente parte da “cultura do mar”, sabem respeitar-se uns aos outros, respeitar a hirarquia de cada local, vibrar com o tubo de um desconhecido. Os outros, coitados, vão continuar a ser uns infelizes e frustrados, porque afinal o mar não lhes transmitiu valores nenhuns...só aguçou o que de mau cada um deles tem.
“Ser culto é ser de um sitio”, disse um dia José Cutileiro (embaixador português e que desempenhou alguns cargos na ONU). Nesse sentido, cada vez vejo menos pessoas cultas, pessoas que vivem num sitio mas não são de lado nenhum, que não se identificam com o local onde vivem, que têm vergonha de dizer o nome da terra onde nasceram. Eu tenho a sorte de ter muitos amigos que sao “de um sitio”..este onde nós vivemos!
Asim sendo, obrigado aos meus companheiros das ondas por serem das pessoas mais cultas que já conheci, por serem verdadeiros corredores de ondas...
Pensei...”uma surfada entre amigos? Para quê tanto stress?” Lembrei-me então das surfadas que já tinha dado naquele sítio com os meus amigos. Foram verões, fins-de-semana, vento norte, sul, este, oeste, a pé, de bicicleta, à boleia, de tractor... dias inteiros, seguidos, passados naquela praia - só nós, os pescadores, as gaivotas. Nessa altura os gritos eram de felicidade... só anos depois vieram os que consideram aquele local como “seu”, aqueles que se acham no topo da hierarquia do respeito aqui da zona, aqueles a quem as palavras educação, respeito e cultura pouco dizem.
Ontem fui surfar aos super...entre 10 e vinte pessoas na água, sendo que metade delas eram bifes, ou seja, a maioria não se conhecia de lado algum. Nas duas horas de bodyboard que fiz ouvi um “HEY”, mas nada agressivo, só de aviso que ali ia alguém naquela onda. Cada um que ali estava sabia o seu lugar na hierarquia daquele sitio. Comecei a fazer comparações com o que tinha visto à dois dias atrás. Num lado, ondas más, pouca gente, muita estupidez. No outro (por sinal um dos sitios mais frequentados do país), altas ondas, pessoas respeitadoras, alegria no ar. Os verdadeiros corredores de ondas (surfistas, bodyboarders, kneeboarders, etc.), aqueles que fazem verdadeiramente parte da “cultura do mar”, sabem respeitar-se uns aos outros, respeitar a hirarquia de cada local, vibrar com o tubo de um desconhecido. Os outros, coitados, vão continuar a ser uns infelizes e frustrados, porque afinal o mar não lhes transmitiu valores nenhuns...só aguçou o que de mau cada um deles tem.
“Ser culto é ser de um sitio”, disse um dia José Cutileiro (embaixador português e que desempenhou alguns cargos na ONU). Nesse sentido, cada vez vejo menos pessoas cultas, pessoas que vivem num sitio mas não são de lado nenhum, que não se identificam com o local onde vivem, que têm vergonha de dizer o nome da terra onde nasceram. Eu tenho a sorte de ter muitos amigos que sao “de um sitio”..este onde nós vivemos!
Asim sendo, obrigado aos meus companheiros das ondas por serem das pessoas mais cultas que já conheci, por serem verdadeiros corredores de ondas...
Amizade...
Partilha...
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