sábado, 15 de novembro de 2008

Deambular

…foi aquilo que eu e o meu amigo Xuxa fizemos nesta semana que agora termina e que foi uma das mais intensas da minha vida, no que ao bodyboard diz respeito. A receita era simples: ambos tínhamos 5 dias de férias (o Xuxa merecidas, eu forçadas), as previsões eram boas e a vontade de fazermos uma mini-viagem era enorme. Vai daí e, com uns dias de antecedência, delineámos um plano para a abordagem a uma zona que compreendia cerca de 130 quilómetros de costa. Era uma área extensa, na medida em que apenas dispúnhamos de 3 ou 4 dias para a explorar e usufruir das condições que as previsões anunciavam. Assim, dois dias antes da partida, tratámos de fazer as compras necessárias nestas ocasiões, bem como a pesquisa do alojamento (o mais em conta possível…) disponível naquela zona e, sobretudo, aprofundar mais um pouco o nosso conhecimento acerca das ondas daquela área. Estava então tudo preparado para que, dois dias depois, nos fizéssemos à estrada…

1º dia - Saímos da capital nacional das rações bem cedo, no intuito de chegarmos ao local pretendido ainda pela fresca. Passado algum tempo e depois de um engano de última hora no percurso, tínhamos finalmente à nossa frente uma imensa linha costeira para explorar. Após conferirmos o vento, a maré e uns quantos spots, dirigimo-nos rapidamente a um pico que já tínhamos em mente surfar quando planeámos esta viagem. No entanto, ao lá chegarmos, rapidamente percebemos que este não iria funcionar. Assim, voltamos o mais depressa possível a um dos spots que já tínhamos conferido e quando chegámos defronte à onda o panorama não podia ser melhor: um pico triangular, alisado por uma leve brisa offshore oferecia esquerdas e direitas tubulares com um cotovelo para voar no final. Com apenas 4 pessoas na água apressámo-nos a vestir o fato e usufruímos de altas ondas durante cerca de 2 horas, altura em que começou a soprar um a leve brisa onshore. Saímos com a barriga cheia de ondas e, após um almoço substancial lançámo-nos em busca de mais acção. No entanto, apesar de não haver vento durante toda a tarde, o facto de o mar se encontrar a subir, aliado à maré não ser a mais favorável fez com que, já para o final da tarde, optássemos por nos instalarmos no alojamento escolhido para aquele dia e recuperar-mos forças para o que se avizinhava. Assim, depois de uns grelhados, o jogo do glorioso e um chazinho, xixi-cama!
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2º dia - Acordamos cedo e rapidamente rumámos à zona que tínhamos explorado no dia anterior. Quando avistámos as primeiras ondas percebemos logo que o mar tinha subido…um glass brutal espelhava as ondas, o que nos deixou ainda com mais pica. Avistámos um pico com bom aspecto, mas após alguns minutos de observação, percebemos que não reunia as condições para uma entrada. Mais uma vez, levados pelas memórias das ondas que já tinha apanhado naquele local, rumámos ao secret que já tínhamos “checado” no dia anterior. Desta vez, este apresentava umas direitas aceitáveis, mas depressa compreendemos que a mudança de maré ia acabar com as ondas que estavam à nossa frente. Já um bocado desanimados, fomos, por descargo de consciência, ver o local onde tínhamos surfado no dia anterior e, perante o nosso espanto, nem queríamos acreditar naquilo que víamos: novamente direitas e esquerdas tubulares com um cotovelo no final, mas com o mar maior, um glass arrebatador e…sem ninguém na água! Sem ainda estarmos bem em nós de contentes, entrámos juntamente com um local para 3 horas de bodyboard super-intensas, que só terminaram devido ao cansaço e à qualidade das ondas que se ia degradando à medida que a maré ia mudando. De cabeça completamente feita, decidimos fazer algumas dezenas de quilómetros para nos dirigirmos a uma zona que prometia altas ondas (segundo as previsões) para o dia seguinte, aproveitando para apreciar a beleza da região e visitar alguns locais que, com o swell e vento certos, são garantia de ondas de classe internacional. Quase ao cair da noite e, já chegados ao local pretendido, tivemos ainda tempo de conferir como se encontravam os principais picos para delinearmos o plano de ataque para o dia seguinte. Após encontrar-mos um alojamento aceitável e comermos uma especialidade com que o tio Xuxa me brindou, deitámo-nos cedo na expectativa daquilo que o dia seguinte nos reservava.



3º dia - Acordámos ainda mais cedo que nos dias anteriores e dirigimo-nos rapidamente à área que oferecia melhores condições. O pico que esperávamos ver a funcionar apresentava-se a funcionar, mas não nas melhores condições. Seguiu-se a tradicional busca por outras ondas, mas de todos os spots que vimos, nenhum justificava uma entrada, porque, apesar de alguns apresentarem altas ondas, o crowd e a mudança de maré inviabilizavam qualquer surfada aceitável. Após 2 horas de procura, decidimos voltar ao primeiro local que tínhamos checado logo pela manhã. Apesar do crowd, apresentavam-se umas direitas e esquerdas bem aceitáveis, alisadas por um forte offshore. Fui o suficiente para nos convencer a vestir o fato. A surfada acabou por correr muito melhor do que prevíramos pois, com a mudança da maré, as ondas entravam maiores e com mais força, oferecendo alguns tubos esporádicos e grandes auto-estradas, onde o rei acabou por ser o Xuxa com uns drop-knees cheios de estilo e power . Após duas horas e meia de bodyboard, saímos para retemperar forças e eu ainda dei uma entrada no final do dia para me despedir daquele mar lindo e daquele local onde a natureza parece ter sido tocado por alguma mão divina. Extasiados com 3 dias super-intensos e de ondas de grande qualidade e após observar-mos que as condições para os dias seguintes se iam deteriorar, decidimos voltar a casa com a sensação de missão cumprida e de que esta tinha sido uma mini-viagem marcante. No caminho de volta, um luar lindíssimo iluminava os campos, dando ainda mais brilho a este fim-de-dia.



4º dia - Já em casa e sem esperarmos grande coisa do mar, combinámos à mesma surfar de manhã e para isso, fomos ver o mar a um dos melhores picos de Portugal continental. As ondas de metrinho alisadas por um offshore bem fresco fizeram com que nos lançássemos imediatamente à agua. O Xuxa não teve muita sorte pois andou um bocado desencontrado com as ondas, mas eu ainda consegui facturar alguns tubos com direito a rampa no final. Chegados a casa despedimo-nos e congratulámo-nos os dois pelas ondas que tínhamos apanhado nessa semana. No entanto, pelo fim da tarde e após verificar as previsões para o dia seguinte, ligo ao Xuxa para fazermos uma investida à área que possui mais quantidade e qualidade de ondas por metro quadrado do nosso país…


5º dia - Novamente de manhã cedo e depois de termos conferido da estrada que o Max se encontrava mesmo a trabalhar e não a ver sites de bodyboard, dirigimo-nos à onda que tínhamos planeado surfar, não sem antes verificarmos como estavam outros picos da região. Esperámos um pouco e, após a maré ter dado uma ligeira subida, entrámos com um local. Era a minha segunda vez ali, mas para o Xuxa foi a estreia. Não estando clássicas, as ondas apresentavam-se bem boas, com um offshore a fazer com que os seus famosos tubos e rampas se mostrassem de quando em vez. Após cerca de uma hora e meia de bodyboard, saímos contentes e o Xuxa ainda teve tempo de prestar algumas declarações em relação à onda em si :)


Acabou por ser uma semana intensa de bodyboard e amizade. Por isso queria agradecer: - à minha mais-que-tudo por ser quem é e pelo apoio que sempre me deu!!!
- ao Xuxa pela amizade, companheirismo e momentos passados dentro e fora de água (és dos com A grande)
- ao Max por estar debilitado mas estar sempre em contacto connosco, quase q viver as coisas como nós (outro com A grande)
- A todos os que ajudaram nesta viagem (Rui, obrigadão pelo esclarecimento, mais um A grande) e que, mesmo não estando fisicamente connosco foram lembrados de cada vez que apanhávamos um tubo ou uma onda brutal).


P.S. O nome dos picos não é revelado, em respeito aos locais de cada onda.
P.S.2 A quantidade de metano libertada para a atmosfera esta semana excedeu o níveis máximos permitidos pelo protocolo de Quioto, facto pelo qual pedimos (expecialmente o Xuxa) as nossas sinceras desculpas.

Abraços a todos. São grandes!

9 comentários:

Anónimo disse...

Foi mesmo isto. Ao ler revivi todos os momentos outravez. Tu zé é que és grande em tudo. Vive para sempre. ZÉ.... O GPS HUMANO.

Rui Filipe disse...

Vocês são os cães com mais pulgas deste mundo LOLOL
Fica a esperança de que para a próxima vos possamos acompanhar... Uma grande abraço aos dois e especialmente ao Zé por ser o unico dos dois que sabe escrever e publicou a trip detalhadamente ;)

Anónimo disse...

Vocês são do caraças...FONIX...
Brutalidade de ondas...devem de ter acordado sempre com o cuzinho virado para lua a pedir ao "SENHOR" para vos oferecer um pequeno-almoço cheio de ondas...(Bem...o que interessa é que resultou!!!!)
Fiquem Bem...e vão mas é trabalhar como as pessoas "Normais"...
vai,vai,tá mas é a ir bulir...
Um Abraço para todos e até breve...

Anónimo disse...

magnifico!! ahaha zE o GPS HUMANO ! ahaha zDD

ANIMAIS !!

Anónimo disse...

brutal!!.

este ze' e' um artista a escrever.
o xuxa e' um maricas ate' nos videos. a' e tal faço esta merda a' 20 anos!!. fantástico pah!!.

a ver se para a próxima convidam o fotografooo!!. =P

grande abraçooo...

Anónimo disse...

barriga cheia ao fim do dia e que interessa. que se foda o cansaço.

Anónimo disse...

Acho que se havia pessoas a merecer umas férias tão boas a nivel de ondas eram voçes os 2 suas p%$#" relaxadas...vou ser sincero...senti inveja,mas não me julguem (tipo á e tal inveja que mau são amigos dele e tal....bom ,aquelas merdas...) mas senti inveja da BOA,de saber que eles apanharam altas ondas e se divertiram como so eles o sabem fazer e não poder estar com 2 GRANDES AMIGOS e poder acompanha-los nesta trip pequena em numero de dias mas muito grande em significado...e um GRANDE obrigado aos 2 por me manterem a par da trip quase toda em directo...quase deu para sentir o cheiro a off-shore e o cheiro do metano libertado hehe GRANDE ABRAÇO AOS 2...tb prontoooo... para o resto da malta tb heheh

Anónimo disse...

Ora aqui está...o que se chama de uma bela bodytrip!!
abraço
Faustino

Altar Mar disse...

Dada a próximidade geografica e alguma empatia em termos de ideias deixo-vos o convite para passarem no meu blog, e caso assim o entendam comentarem ou partiparem da forma que entenderem.